Seguindo a Lei dos bruxos

17/06/2012 16:41

 

   Todos nós conhecemos a Rede, a chamada Lei dos bruxos: “faça o que desejar, contanto que não prejudique ninguém”.  Enquanto seu aspecto negativo (“não fazer mal a outrem”) é bem debatido em grupos wiccanos, a Rede possui um aspecto positivo que não é tão discutido.

   Apesar de ser descrita como uma lei, “Rede” em inglês arcaico significa “conselho”. Na Wicca, não há mandamentos divinos ou obrigações que atuem como cláusulas pétreas. Temos, na verdade, uma sábia orientação que nos empenhamos em seguir.  Daí derivamos uma ética flexível, mas que ainda assim nos fornece padrões morais para vivermos satisfatoriamente em sociedade.

    Há questões excelentes que merecem toda a atenção: se desejo fazer algo que não prejudica ninguém, mas vai contra as leis do meu país, devo fazê-lo? É possível um utilitarismo wiccano, ou seja, se prejudicar alguém trouxer benefícios para muitas pessoas (o assassinato de um cruel ditador, por exemplo) é lícito fazê-lo e obedecer a Rede? Posso fazer mal a alguém para salvar minha própria vida ou a de meus familiares? A Rede se aplica também a animais, e não apenas a seres humanos? Se a resposta for sim, a Rede recomenda o vegetarianismo? Certamente seria proveitoso ler textos filosóficos focando tais questões.

   Mas o que gostaria de chamar a atenção hoje, não é a segunda parte da frase, mas sim a primeira: “faça o que desejar”. Embutida na Rede, há uma exortação a seguirmos nossos corações e sermos nós mesmos.

    Para de fato podermos seguir o Conselho dos Sábios, devemos ousar expressar nossa opinião, termos coragem de fugir do convencional e fazermos coisas que outras pessoas não fazem. Desde que não prejudiquemos ninguém. Muitas vezes, pessoas de que gostamos acabam, mesmo sem perceber, nos constrangendo a não expressar um pensamento, revelar um gosto ou fazer algo que desejamos. Coisas banais podem se tornar bem problemáticas nestas situações. O que a Rede nos aconselha é termos coragem e nos autoafirmarmos.

   Como um apoio a Rede, wiccanos se empenham em obter oito virtudes: beleza, força, poder, compaixão, honra, humildade, alegria e reverência. Elas são recomendadas durante a Carga da Deusa, possivelmente o mais importante texto litúrgico da Wicca.

   Portanto, sejamos sábios e nos libertemos dos grilhões do convencional: façamos o que desejarmos, contanto que não prejudiquemos ninguém. 

   

   Fernando Meyer.

 

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