Magia de amor: usar ou não usar

01/07/2012 10:32

 

 

   Ao longo dos últimos anos, um tabu tem se consolidado entre os wiccanos: feitiços de amor são manipulativos e não devem ser usados. Esta “proibição” vem em grande parte do entendimento incorreto dos ensinamentos dos livros e sacerdotes e da falta de debate dentro dos covens.

   Vamos analisar um caso simples. Uma pessoa está querendo iniciar um relacionamento amoroso e faz um feitiço para conseguir isso. Ela não pensa em um indivíduo específico, apenas determina algumas características que deseja encontrar em seu par. Quem conhece o modo de funcionamento da magia sabe que a pessoa não irá se materializar do nada, mas várias facilidades podem ocorrer: quem fez o feitiço passa a encontrar outros rapazes ou moças com o perfil desejado, ou então ao se deparar com uma pessoa interessante, ela pode ficar mais suscetível a conversar e marcar um encontro, etc.

   Já foi dito que este tipo de feitiço viola a Rede, pois apesar do bruxo não ter focado especificamente em alguém, de todo modo ele influenciou a opinião de certa pessoa. Este tipo de argumento, na verdade, questiona todo o uso da magia, pois o objetivo primário desta é exercer influência no mundo material.  Se vamos a uma entrevista de emprego, e um dos candidatos está muito mais bem vestido e asseado do que os outros, ele pode acabar influenciando o chefe e conseguindo a vaga. Ele agiu de forma antiética? Não, apenas usou os recursos disponíveis para causar boa impressão (no caso, o recurso pode ter sido o dinheiro para comprar boas roupas). Mas pode ser que outro candidato tenha causado maior impacto dizendo falar cinco idiomas e dominar qualquer tópico em política global. Ele influenciou favoravelmente o chefe usando sua cultura como recurso. Um bruxo que fez um feitiço para obter um emprego pode conseguir a simpatia de um entrevistador usando magia, e o que fez foi usar um recurso disponível e válido de influência. Ele teve mais vantagens do que o que utilizou apenas dinheiro, por exemplo. Mas bruxos não se desculpam por possuírem seus dons, nem pedem perdão por almejar a felicidade. Ser feliz não é um pecado em nossa religião.

    Uma situação mais polêmica, mas que recai no caso anterior, é quando vamos sair com alguém e usamos alguma técnica mágica para ficarmos mais sedutores. Isso não é mais antiético do que, por exemplo, saber que a pessoa adora o cheiro de certo perfume e usá-lo na noite do encontro. Estamos sim “manipulando” forças e tentando influenciá-la. Mas é preciso fazer uma grande ressalva: em nenhum momento estamos negando à pessoa o direito de escolher se quer ou não iniciar um relacionamento.

   A expressão magia manipulativa quer dizer que estamos tentando interferir no livre-arbítrio de alguém. Isso sim viola por completo a ética wiccana. A infame “amarração”, ou seja, fazer com que alguém se apaixone por você, é algo abjeto e monstruoso. Devemos seguir à risca a recomendação de se pôr no lugar do outro e refletir: “gostaria que fizessem isso comigo?”. Se a resposta for negativa, não faça o feitiço.

   Feita esta ressalva, se você está sozinh@ e quer encontrar um amor, não se acanhe em banhar-se na luz da lua cheia e aplicar os segredos da Arte para ser plenamente feliz.

 

Fernando Meyer.

 

 

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